quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

CINE CLUBE DOMINGOS MARIA PEÇAS

        Homenagem do Al Tejo a Domingos Maria Peças
                   ( hoje a cargo do Rufino Casablanca)

                              J. Robert Oppenheimer – um filme


(o chamado pai da bomba atómica) Foi o físico que chefiou o grupo de cientistas civis e militares que, numa isolada povoação do Novo México (Los Alamos), deram corpo às primeiras bombas atómicas dos Estados Unidos da América. “Projecto Manhattan”, assim se chamou ao empreendimento. O resultado de tal invenção já todos conhecemos, não sendo, portanto, disso que hoje aqui se pretende tratar. O que queremos referir é um filme de 1955, realizado por um obscuro realizador mexicano que desapareceu da circulação na Hollywood daqueles tempos.
Este filme não pretende ser uma biografia de J. Robert Oppenheimer; é, isso sim, um “biopic”do homem enquanto jovem; antes de se tornar célebre como cientista.

País de Origem: USA
Idioma: Inglês
Ano de Produção: 1955
Realização: Gustavo Menendez
Argumento: Gustavo Menendez
Música: Trechos de música folck norte-americana. E música alemã, de cabaret. Intérpretes: (não reconhecemos os rostos e não temos conhecimento de quaisquer nomes

O que o realizador nos conta é uma história de amor. Uma história de amor entre dois jovens: um rapaz e uma rapariga. A rapariga chamava-se Jean e o rapaz tinha o nome de Julius. E a história decorre aí por volta de 1935. A moça tem uma costela esquerdista, e quando começa a guerra civil espanhola, ela, com o entusiasmo da idade e a força das convicções precoces, apoia claramente o campo republicano. E ele, que não entendia nada de política, foi atrás. Ou se calhar entendia e foi porque quis. O filme não chega a explicar bem como foi. O certo é que participaram e foram fotografados em várias “manifes” novaiorquinas a favor dos republicanos. E parece que também soltaram umas massas para apoio de umas organizações norte-americanas, ligadas ao partido lá do sítio. Tudo muito solto, tudo muito longe de militâncias a sério, sempre com muitos beijinhos pelo meio e muitas apalpadelas. O romance acaba quando ele ingressa na universidade de Harvard. Acaba o romance e acaba o filme.
Boa realização. Boa interpretação dos actores desconhecidos. Boa música.
O filme é obra do movimento independente de cinema Estado-Unidense.

Como sempre tivemos uma grande curiosidade pelo processo de fabrico da bomba atómica americana, e pelos segredos que sempre rodearam o laboratório de Los Alamos, independentemente do nosso interesse pelo cinema, queremos acrescentar que este filme seria um filme sem história, se o rapaz retratado não fosse Julius Robert Oppenheimer, o físico responsável pelo grupo de cientistas que criou a primeira bomba atómica americana.
Passados que foram cerca de vinte anos – isto já não vem no filme, somos nós a dizer – , lá pelo meio da década de cinquenta, vieram à baila as tais fotografias nas “manifes” a favor dos republicanos espanhóis. Também se veio a saber que um irmão dele tinha pertencido ao partido americano. Foi uma carga de trabalhos, pois o FBI descobriu as fotos dele, muito agarradinho à sua Jean com um braço, e com o outro no ar de punho fechado. Safou-se à justa de ser acusado de espionagem e traição. Morreu em 1963. Uns dias antes de morrer, o presidente Lyndon B. Johnson, lá o condecorou pela bela obra que tinha feito em Los Alamos.

Rufino Casablanca – Monte do Meio – Maio de 1996
  

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